terça-feira, 5 de abril de 2011

O Papel da Avaliação Científica sobre o Uso e a Prática da Terapia Alternativa e Complementar


A Medicina Convencional – também chamada de ocidental, moderna, principal, ortodoxa ou alopata – é definida como aquela praticada por profissionais de grau acadêmico, que tratam sintomas e doenças utilizando remédios, radiação ou cirurgia. Já a Complementar é colocada como um grupo de diversos outros sistemas, práticas e produtos.

Nos EUA, esta divisão surgiu na metade do século XIX, com o surgimento de setores alternativos competindo com a Medicina convencional. Baseando suas práticas em teorias de saúde e cura intencionalmente diferentes do padrão corrente, os praticantes destas modalidades ofereciam “terapias mais seguras ou naturais”, enfatizando aspectos emocionais e espirituais da saúde. Isso criou muito interesse e, naquele século, estes praticantes competiam por pacientes, patrocínio e prestígio.

No século XX, a aplicação de métodos científicos na Medicina convencional tornou-se importante, já que era possível realizar várias descobertas sobre o corpo humano e sobre mecanismos e agentes patológicos, bem como desenvolver vacinas, tratamentos e técnicas de diagnóstico. Este sucesso restabeleceu a dominância da Medicina convencional, já que esta foi capaz de melhorar a saúde, reduzir a morbidez em função de doenças infecciosas e aumentar a expectativa de vida.

Apesar do pequeno número de evidências científicas conclusivas dos benefícios das terapias complementares, o interesse público sobre elas tem crescido desde a década de 70. Paradoxalmente, o aumento da procura por este tipo de terapia se deu justamente pelo sucesso conseguido pela Medicina tradicional: os pacientes passaram a esperar que ela fosse capaz de resolver qualquer problema de saúde e, quando isto não acontecia, voltavam-se para a complementar.

Outros fatores que intensificam este movimento são: a insatisfação com a impessoalidade na relação médico-paciente; disponibilidade de informação sobre técnicas complementares; ideologias e movimentos contra-culturais; percepção de melhor entendimento das técnicas e abordagem sistêmica/holística.

Em função deste cenário, em 1992, os EUA criaram o Escritório de Medicina Alternativa, subordinado ao Instituto Nacional de Saúde. Em 1998, o Escritório transformou-se no Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa, um instituto independente que visa à pesquisa científica para avaliação desta Medicina, suas práticas e seus produtos.

Muitas mudanças políticas são necessárias para garantir que seus resultados de pesquisa sejam utilizados para oferecer aos pacientes o melhor atendimento possível à saúde, facilitando a integração de terapias seguras e eficazes à Medicina convencional. Para tanto, o Centro deve patrocinar apenas estudos que utilizem metodologias rigorosas.

Além disso, deve garantir a qualidade dos suplementos alimentares e utilizar os resultados de suas pesquisas para aperfeiçoar as práticas não-ortodoxas, abolindo o uso de tratamentos ineficazes e inseguros. Um primeiro – e importante - passo para Medicina Integrativa.

M. Kantor, The Role of Rigorous Scientific Evaluation in the Use and Practice of Complementary and Alternative Medicine, Jornal of the American College of Radiology, 6(4), 2009, 254-262. Harvard Medical School, Boston, Massachussetts, Estados Unidos

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