segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O seu corpo – essa casa onde você não mora*



*Capítulo do livro O Corpo tem suas Razões, de Carol Bernstein e Thérèse Bertherat.
“Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo.
‘Se as paredes ouvissem…’ Na casa que é o seu corpo, elas ouvem. As paredes que tudo ouviram e nada esqueceram são os músculos. Na rigidez, crispação, fraqueza e dores dos músculos das costas, pescoço, diafragma, coração e também do rosto e do sexo, está escrita toda a sua história, do nascimento até hoje.
Sem perceber, desde os primeiros meses de vida, você reagiu a pressões familiares, sociais, morais. ‘Ande assim. Não se mexa. Tire a mão daí. Fique quieto. Faça alguma coisa. Vá depressa. Onde vai você com tanta pressa…?” Atrapalhado, você dobrou-se como pôde. Para conformar-se, você se deformou. Seu corpo de verdade – harmonioso, dinâmico e feliz por natureza – foi sendo substituído por um corpo estranho que você aceita com dificuldade, que, no fundo, você rejeita.
É a vida, diz você; não há outra saída. Respondo-lhe que você pode fazer algo para mudar e que só você pode fazer isso. Não é tarde demais. Nunca é tarde demais para liberar-se da programação de seu passado, para assumir o próprio corpo, para descobrir possibilidades até então inéditas.”
O trecho acima evidencia de maneira interessante e realista a percepção que muitas pessoas têm de seu próprio corpo. Pode ser uma sensação de não pertencer a ele, como se a mente e o ego estivessem morando em uma casa estranha. Esta ‘estranheza’ geralmente se manifesta em pensamentos e sentimentos contraditórios em relação a si próprio.
Dores e inadequação
As tensões musculares e seus sintomas decorrentes são outras formas usuais em que esta ‘inadequação’ frente ao próprio corpo se manifesta. Dores na coluna, lombalgias, dores de cabeça, dor no nervo ciático (entre tantas outras) são evidências de que alguma coisa em nós está fora do lugar, precisando de algum tipo de ajuste.
Consciência corporal e okeidade
A massoterapia, por meio de variadas manobras existentes nas massagens terapêuticas e somadas a alongamentos (por exemplo), pode reduzir de maneira significativa os encurtamentos e tensões musculares existentes. Um trabalho de consciência corporal, como a experiência somática, yoga e etc, é um excelente complemento a terapia corporal, pois reforça e prolonga a sensação de presença e relaxamento que a massagem bem sucedida traz.
Ao tomar consciência novamente de si (em outras palavras, de seu corpo), percebendo como está sua respiração, sensação de peso corporal e outros sinais de bem estar fisiológicos, o cliente pode ser orientado a experimentar este sentimento de ‘okeidade’ (estar bem consigo mesmo) em outras situações do seu dia-a-dia.
Rogério Neves.

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