quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Medicina feita a mão

Usada por muitas pessoas como uma forma rápida e prazerosa de aliviar a tensão provocada pela correria da vida moderna, a boa e velha massagem é uma antiga conhecida da humanidade: a manipulação sistemática dos tecidos moles do corpo tem sido utilizada como método terapêutico desde tempos pré-cristãos, tendo as culturas milenares da Índia, da China e do Japão – tradições que veem o equilíbrio da energia vital do corpo como o responsável pela manutenção da saúde e do bem-estar – como expoentes. No Ocidente, ela entrou no escopo da ciência no início dos anos 1800, quando seus efeitos foram formalmente mensurados pelo esgrimista Henrik Ling, hoje considerado o pai da massoterapia moderna.
Foram as culturas orientais milenares, que veem o equilíbrio da energia vital do corpo como responsável pela saúde e o bem-estar, as responsáveis pela propagação das técnicas de massagem
Também conhecida como cura através do toque, a massagem vai muito além do relaxamento. “Ela proporciona serenidade, disposição física e sexual, além de promover alterações fisiológicas, atuando em nível hormonal”, enumera Rogério Pires, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Manual (ABRAMC), do Rio de Janeiro. Há quem acrescente mais vantagens à lista de benefícios, como Arnaldo Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Shiatsu (Abrashi), também no Rio. “Uma dor costuma ser a ponta do iceberg. O shiatsu, por exemplo, não trata essa dor, e sim a causa. Ajuda a harmonizar o sistema energético e fisiológico do paciente, até que ele próprio recobre sua capacidade de autorregulação e, portanto, a imunidade como um todo”, ressalta.

As opiniões acerca dos benefícios da medicina manual, no entanto, podem ficar mais pontuais. “Desconfortos musculares, como contraturas e espasmos, têm boa evolução com a técnica, já que a massagem age sobre os pontos-gatilho, a musculatura em si e também a fáscia [tecido de sustentação e proteção] muscular”, diz o ortopedista André Pedrinelli, de São Paulo.

Alexandre Cristante, também ortopedista em São Paulo, completa: “À medida que causa bem-estar ao paciente, a massagem, quando conciliada com técnicas de fisioterapia, pode ser utilizada como adjuvante no tratamento de dores musculares, lombalgias, dorsalgias, cervicalgias e contusões.”
De fibras musculares a meridianos energéticos
 Desde que o sueco Henrik Ling mensurou, no início do século 19, os efeitos da manipulação do corpo para os músculos e o sistema venoso, as massagens científicas – ou modernas, como a miofascial e a sueca – passaram a se diferenciar das culturais ou tradicionais, como a ayurvédica e a tai. “As científicas atuam no campo da saúde e auxiliam a fisiatria e a ortopedia, trabalhando o caminho dos retornos venoso, linfático e arterial, circuitos de fáscias e grupos musculares específicos. Já as culturais são indicadas para desequilíbrios bioenergéticos e até algumas lesões, mas não podem ser utilizadas para patologias, limitando-se ao bem-estar e à atuação nos meridianos energéticos (como no shiatsu) ou nos doshas, perfis biológicos trabalhados pela ayurvédica”, diferencia Rogério Pires.
 
Os efeitos proporcionados pelos sistemas científicos e tradicionais de massoterapia também diferem: os primeiros atuam na nutrição celular e em modificações linfáticas, hormonais e arteriais, além de melhorar o peristaltismo e reparar o sono. Já as culturais trazem benefícios como maior aporte venoso, relaxamento muscular, alongamento de tecidos e aquecimento periférico.
 
por Maitê Casacchi

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